Maria Rocha conta como Bianca, atingida por tiro na cabeça, tentou proteger L., que se fez de morta para garantir a própria vida
Foto: Arquivo Pessoal Bianca teria morrido ao se colocar na frente de amiga da escola em Realengo |
Agora, é uma avó desolada. As suas duas netas, Bianca e Brenda, gêmeas de 13 anos, foram baleadas pelo atirador que entrou no colégio na manhã desta quinta-feira. Brenda passa por cirurgia, Bianca não resistiu. Ela teria morrido tentando proteger a amiga L., que se fingiu de morta para garantir a vida.
A avó de Bianca soube por L. o que aconteceu na sala de aula. Contou que Bianca se colocou à sua frente e acabou sendo baleada. Os pais de L. a levaram para um hospital, de acordo com vizinhos que estavam no local. O iG foi até a casa da menina, também de 13 anos, mas não encontrou ninguém. Segundo vizinhos, L. está em estado de choque. Uma das vizinhas, Alessandra Monique Souza Guimarães, disse ter tentado abraçar a menina, quando ela se encolheu tremendo. Afirmou que L. contou que o atirador foi conferir se tinha matado todas as meninas e por isso ela, e outras, se fizeram de mortas.
Maria pouco entendeu quando a mãe de Brenda e Bianca, Renata, entrou em casa, pegou documentos e saiu. Paraplégica, ela se arriscou em um mototáxi para chegar ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), onde Brenda, atingida no braço, seria submetida a uma cirurgia. “Ela ficou tão desesperada que pegou o mototáxi. A mãe delas está em estado de choque. Na hora que chegou em casa, pegou os documentos e saiu. Não disse nada. Graças a Deus eu tenho bons vizinhos que tomaram todo o cuidado para me dar a notícia, porque tenho duas pontes de safena. A única informação sobre a Brenda é que estaria reagindo bem à cirurgia”, contou.
A senhora, emocionada, lembrou que as duas sonhavam como seria uma festa de 15 anos para gêmeas. E disse que Bianca morreu para salvar uma amiga da escola. L. teria fingido a própria morte para escapar da fúria do atirador, que acabara de atingir sua amiga na cabeça.
“A Bianca chegou a ser levada para o hospital, mas pela informação que tivemos, ela morreu na hora. Era linda, gostava muito de ir à escola, tinha o cabelo comprido, cuidava com carinho, ontem mesmo foi a uma festinha. As duas eram bem diferentes fisicamente. Não sei por qual razão ele atirou em mais meninas do que meninos. A Bianca morreu protegendo uma coleguinha, a L., que mora aqui perto. Se colocou à frente dela e por isso foi atingida. A L. se fez de morta e por isso sobreviveu. Ficou coberta com o sangue da Bianca. A minha neta deu a vida pela amiguinha”, disse Maria, antes de falar sobre o assassino: “Ele só pode estar louco e não tem fé em Deus. As crianças é que pagam? Tiraram um pedaço de mim”.
Revoltada, Maria pediu Justiça. O atirador que matou diversas crianças e feriu outras na escola em Realengo morreu no confronto com um policial que o interceptou na escada do colégio, quando se dirigia a outro andar, possivelmente para fazer novas vítimas. “Agora eu quero Justiça, coisa que esse país não tem. É uma pouca vergonha como tudo aconteceu. O que houve com as minhas netas vai acontecer com o filho dos outros”.Veja as fotos
Foto: Arquivo Pessoal Brenda (à direita, de amarelo) e Bianca (à esquerda, de preto) em Natal com a família |
Foto: Arquivo Pessoal Brenda, atingida no braço, passa por cirurgia no Into |
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