CABO CANAVERAL, EUA — O Atlantis aterrissou sem problemas nesta
quinta-feira ao amanhecer na Flórida, encerrando assim a última viagem
do programa dos ônibus espaciais norte-americanos, trinta anos após o
primeiro voo da nave.
A Atlantis tocou a pista do Centro Espacial
Kennedy, em Cabo Canaveral, às 5h57m (horário local, 09h57m GMT), 42
minutos antes do nascer do sol e com um céu claro, após a descida de 65
minutos desde a órbita terrestre.
"O Atlantis já está em casa,
completou sua viagem. É um momento histórico para ser comemorado",
vibrou o centro de controle de voo.
"Missão cumprida, Houston, e
depois de servir ao mundo por mais de 30 anos o ônibus espacial
americano ganhou um lugar na história. Estamos muito emocionados",
afirmou o comandante do voo, Chris Ferguson, depois de concluir as
manobras de pouso.
"Os Estados Unidos não deixarão de explorar o espaço", salientou Chris Ferguson. "Deus abençoe os Estados Unidos".
"Bem-vindo, Atlantis, e aproveitamos para felicitá-los por sua missão", acrescentou o centro de controle.
"Sentimos
hoje muitas emoções, mas algo é indiscutível: os Estados Unidos não
deterão a exploração espacial", enfatizou o comandante.
"O ônibus entrou no porto pela última vez, pondo um ponto final em sua viagem", concluiu o controlador.
Quase
como uma última saudação à nave, pouco antes da chegada do Atlantis, a
Estação Espacial Internacional (ISS) passou sobre a vertical do Centro
Kennedy e ficou visível por cerca de quatro minutos.
Na véspera,
menos de 24 horas da volta do Atlantis, astronautas e engenheiros da
Nasa não conseguiam conter a emoção com o fim próximo. Horas antes da
entrada do ônibus espacial na atmosfera, a estação de televisão da Nasa
mostrou imagens ao vivo do centro de controle da missão e da Terra vista
a partir do Atlantis, que desacoplou com sucesso da ISS, iniciando a
manobra de volta.
Durante a missão de quase oito dias atracado à
ISS, o Atlantis e seus quatro astronautas deixaram lá várias toneladas
de alimentos e equipamentos para que a estação orbital e sua tripulação
permanente de seis pessoas contem com provisões durante um ano.
Por sua vez, o Atlantis lotou seu compartimento de carga com 2,57 toneladas de resíduos e material usado que estavam na ISS.
No espaço e na Terra, a quarta-feira foi um dia de nostalgia.
"Minha
prioridade, agora, é garantir que a nave e a tripulação cheguem à pista
de pouso com toda a segurança", declarou então à CNN o ex-astronauta
Charles Bolden, chefe da agência espacial americana.
Antes de os
astronautas dormirem, o comandante da missão, Chris Ferguson, leu uma
citação de Gene Kranz, o diretor de voo famoso por salvar os astronautas
do Apolo 13, depois que um tanque de oxigênio explodiu durante viagem à
Lua.
"Rezo para que nosso país encontre algum dia a coragem para
aceitar o risco e os desafios para terminar o trabalho que começamos",
disse Ferguson, considerando a citação de Kranz "muito apropriada".
O
ônibus espacial, a máquina voadora mais complexa jamais construída,
permitiu especialmente colocar em órbita o Hubble, o primeiro telescópio
espacial que revolucionou a astronomia, e, além disso, construiu a ISS
entre 1998 E 2010.
O Atlantis percorreu 8,5 milhões de quilômetros
durante sua trigésima terceira e última missão, totalizando 202,67
milhões de quilômetros no total.
Como parte do programa de ônibus
espaciais, cinco naves (Atlantis, Challenger, Columbia, Discovery e
Endeavour) integraram a frota dos primeiros veículos espaciais
reutilizáveis do mundo.
O conjunto dos cinco ônibus percorreu um
total de 872,9 milhões de quilômetros e efetuaram mais de 21.000 voltas
ao redor da Terra.
As cinco naves totalizaram 1.333 dias no espaço.
Além
do protótipo Enterprise, que nunca voou, só três ficarão expostos,
agora, em museus, depois da destruição do Columbia e do Challenger em
acidentes que provocaram a morte de seus tripulantes.
O acidente do Challenger em 1986 e o do Columbia em 2003 deixaram 14 mortos no total.
Em
momentos de austeridade fiscal, o presidente Barack Obama decidiu pôr
fim ao programa dos ônibus espaciais, 30 anos depois do primeiro voo, o
do Columbia, em 12 de abril de 1981. Cada uma das 135 missões, desde
essa época, custaram entre 450 e 500 milhões de dólares.
A partir
do regresso da Atlantis, a Nasa passará a depender dos Soyuz russos até o
desenvolvimento de uma nova nave espacial americana, não antes de 2015,
o mais tardar. Várias empresas privadas estão competindo para oferecer
um meio de transporte de astronautas e carga em direção à ISS.
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