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Na Somália, a circuncisão de meninas ocorre em casa, entre as mulheres, parentas e vizinhas, sendo a avó ou uma mulher mais velha a responsável pelo procedimento. Em cada ocasião, geralmente só uma menina ou as vezes duas irmãs são infibuladas no mesmo dia, porém todas as meninas, sem exceção, devem sofrer esta mutilação, pois esta é a principal exigência para o casamento.
A
“operação” em si não é acompanhada por qualquer cerimônia ou ritual. A
criança, completamente nua, é sentada em um banquinho. Várias mulheres
tomam conta dela e abrem suas pernas. Feito isso, o operador,
geralmente uma mulher com experiência neste procedimento, senta-se
diante da criança e com uma faca velha de cozinha, penetra e abre o
capuz clitoriano ou prepúcio. Após a abertura, ela começa a cortá-lo
enquanto outra mulher limpa o sangue com um trapo velho, o operador faz
escavações com a unha afiada no buraco, para separar e retirar o
órgão.
A
menina, pressionada pelas mulheres ajudantes, grita de dor extrema,
mas ninguém lhe dá a menor atenção. O operador puxa o clitóris e o
corta com a faca até que possa sentir e ver o osso. Seus ajudantes
novamente limpam o sangue que jorra com um pano. O operador então
remove o restante da carne, cavando com o dedo para remover qualquer
vestígio do clitóris dentro do buraco. As mulheres vizinhas são então
convidadas, uma a uma, a mergulharem seus dedos dentro do buraco
sangrento para verificar se cada pedaço do clitóris foi removido.
Essa
operação nem sempre é bem gerida, devido à resistência da criança.
Muitas vezes o uso desajeitado da faca, faz com que o operador perfure a
uretra e corte o reto da menina. Se a menina desmaia, rapidamente as
mulheres jogam um punhado de “pili-pili” (uma especiaria em pó) em suas
narinas.
Mas
este não é o fim. A parte mais importante da operação começa só agora.
Depois de um breve momento, a mulher pega a faca de novo e corta os
pequenos lábios vaginais da vítima. Os ajudantes de novo limpam o sangue
com seus trapos. Em seguida, o operador, com um movimento rápido de
sua faca, começa a raspar a pele de dentro dos grandes lábios. O
operador raspa a carne da menina que está gritando sem a menor
preocupação com a extrema dor que lhe inflige. Quando a ferida é grande
o suficiente, ela acrescenta alguns cortes longitudinais e várias
outras incisões.
A
criança agora “uiva” de dor. Às vezes, em um espasmo, as crianças
podem morder com tanta força que chegam a arrancar a própria língua. As
mulheres vigiam cuidadosamente para evitar que tal acidente aconteça e
às vezes enchem a boca da criança com trapos. Com o desgaste da pele
preenchido de acordo com as regras, o operador estanca o sangramento e
fixa os grandes lábios um no outro com espinhos de acácia. Nesta fase da
operação, a criança está tão exausta que para de chorar e muitas vezes
tem convulsões.
A
preocupação do operador agora é deixar uma abertura do tamanho de um
grão de milho ou apenas grande o suficiente para permitir que a urina, e
depois o fluxo menstrual, passem. A honra da família depende de fazer
uma abertura tão pequena quanto possível, pois, para os somalis, quanto
menor for à passagem artificial, maior é o valor da menina e
consequentemente, maior será o seu dote. Quando a operação for
concluída, a mulher verte água quente sobre a área genital da menina e
enxuga com um pano.
(Infecção gravíssima em mulher mutilada)
Então
a criança, que foi pressionada durante todo esse tempo, é colocada de
pé. As mulheres, em seguida, imobilizam as coxas da garota,
amarrando-os com cordas de pele de cabra. Esta bandagem é aplicada a
partir dos joelhos até a cintura da garota e é deixado no local por
cerca de duas semanas. A menina então deve permanecer deitada em um
tapete durante todo o tempo. Ela urina e defeca dentro das bandagens
que não são trocadas por duas semanas! Só após esse período, a menina
poderá ser liberta e limpa. Sua vagina é agora fechada (exceto por uma
pequena abertura criada pela inserção de uma palha de junco) e
permanecerá assim até o dia do seu casamento.
Esta
descrição foi feita por Jacques Lantier e corresponde a um relatório
muito similar publicado por Annie de Villeneuve. Jacques assistiu à
operação realizada em duas irmãs, uma de manhã e outra ao entardecer,
num vilarejo da Somália.
A
UNICEF revelou que três milhões de jovens e crianças na África e no
Médio Oriente, são sujeitas a mutilação genital todos os anos.
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